A possibilidade de vida sem TikTok tem sido um tema recorrente nos Estados Unidos, com mais de 150 milhões de pessoas enfrentando a possibilidade de ver a rede social proibida. Porém, para os usuários de Hong Kong, essa é uma realidade desde 2020, quando a plataforma encerrou suas operações na cidade.

A decisão ocorreu uma semana depois que a China impôs a Lei de Segurança Nacional em Hong Kong, e o TikTok tentava se distanciar da China e de sua empresa controladora, a ByteDance, devido à crescente pressão nos Estados Unidos durante a administração Trump.

No momento de sua saída, o TikTok tinha uma presença relativamente modesta na cidade, ao contrário do que é atualmente nos Estados Unidos. Entretanto, a reação variada à sua partida e a forma como os usuários se adaptaram a outras plataformas ou mesmo às comunidades offline, oferecem aos americanos um vislumbre de seu potencial futuro sem TikTok.

Para criadores como Shivani Dukhande, a saída do TikTok foi um grande golpe em seu potencial de carreira. Antes da partida do aplicativo, ela tinha 45.000 seguidores em seu canal, que havia crescido durante a pandemia. O TikTok havia se tornado uma grande oportunidade para ela, atraindo marcas que desejavam patrocinar seu conteúdo e colaborar em campanhas publicitárias. A saída do TikTok significou a perda de uma fonte potencial de renda e deixou muitos criadores sem oportunidades.

Para outros, como Poppy Anderson, de 16 anos, a saída do TikTok foi um alívio. Embora ela usasse o aplicativo por horas todos os dias, ela achava que a toxicidade do ambiente, a cultura de cancelamento e o comportamento inapropriado das pessoas eram um grande problema. Ela se sentia vazia e não recebia nada de valor em troca do tempo que investia no aplicativo. Sua amiga Martin Poon, de 15 anos, também ficou aliviado quando o aplicativo deixou a cidade. Ele sentiu que precisava estar atualizado e, com a pressão dos amigos, sentia que precisava usar o aplicativo. Ele disse que muitos dos influenciadores populares eram problemáticos, disseminando desinformação e misoginia.

Embora a partida do TikTok tenha sido um choque para muitos, também permitiu que alguns encontrassem novas paixões e hobbies. Sem o aplicativo, Poon e sua amiga Ava Chan, de 15 anos, encontraram um novo senso de propósito, dedicando seu tempo a causas importantes e a melhorar a comunidade. Eles criaram um clube escolar para promover a conscientização sobre a neurodiversidade e se tornaram voluntários em atividades de apoio a pessoas neurodiversas. Eles encontraram um senso de propósito e suas amizades melhoraram, pois eles passaram a ter conversas face a face, em vez de apenas assistirem a vídeos no TikTok.

A saída do TikTok de Hong Kong pode ser vista como uma oportunidade perdida para alguns, enquanto outros a consideraram um alívio. Independentemente disso, o fato de que outros aplicativos estão preenchendo a lacuna sugere que a vida pode continuar sem o TikTok. Os criadores terão que se adaptar, mas talvez seja possível encontrar novas oportunidades em outras plataformas e aprimorar suas habilidades. Além disso, o desaparecimento do TikTok também pode levar a uma mudança positiva na saúde mental e na cultura online, uma vez que alguns dos problemas associados ao aplicativo serão eliminados.

No entanto, essa não foi a reação de todos. Alguns usuários afirmaram que suas vidas melhoraram sem o TikTok, já que a plataforma os distraía do mundo real. A partida da plataforma em Hong Kong também gerou um impulso para outras plataformas, como o Instagram e o YouTube, que se tornaram alternativas para muitos usuários.

Para a TikTok, a saída de Hong Kong é uma perda, já que a plataforma é usada por quase cinco milhões de empresas nos Estados Unidos e deve ultrapassar rivais em receitas publicitárias até 2027. Os usuários do TikTok também passam mais tempo na plataforma, gastando uma média de 95 minutos por dia no segundo trimestre de 2022, em comparação aos usuários do Facebook e Instagram, que gastam cerca de metade desse tempo.

Em resumo, a saída do TikTok de Hong Kong mostra que a plataforma pode ser substituída por outras redes sociais e que, embora a partida possa ser sentida por alguns usuários, ela também pode abrir novas oportunidades de negócios e crescimento em outras plataformas.