Geopolítica
Etiópia entra no mapa do mundo com mão de obra barata para indústria têxtil
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A Etiópia é um dos 20 países mais pobres do mundo, mas sua economia está crescendo rapidamente. O governo em Adis Abeba tem um plano ambicioso de transformar o país em um polo têxtil, e em 2025, mais de 30 parques industriais deverão estar abastecendo o mundo com roupas “made in Ethiopia”. Um dos principais atrativos para investidores é a mão de obra barata. Os salários dos operários etíopes são dez vezes menores do que os da China e três vezes menores do que os de Bangladesh, o símbolo da mão de obra barata na indústria têxtil.
Com uma população de 110 milhões de habitantes, a Etiópia tem um grande potencial de mão de obra jovem e treinável, o que é visto como um importante trunfo na competição com a Ásia. No entanto, os salários extremamente baixos resultam em uma grande flutuação nos parques industriais. Os empregadores alegam que cerca da metade do contingente operário se demite já no primeiro ano, mas segundo as investigações da Universidade de Nova York, a taxa real seria de quase 100%. As greves são frequentes e reprimidas com violência policial.
Apesar dos problemas trabalhistas, a Etiópia atrai investidores com outros atrativos além da mão de obra barata, como boa localização, benefícios fiscais e energia barata. Grandes marcas como H&M, Levi’s, Primark, Calvin Klein e Tommy Hilfiger já produzem no país, assim como as alemãs Tchibo, Aldi e Lidl.
Atualmente, o maior local de manufatura de roupas na Etiópia é o Hawassa Industrial Park, no sul do país. Numa área equivalente a 420 campos de futebol, 23 mil pessoas trabalham em regime de turnos, a maioria mulheres, e em breve serão 60 mil operários. Para alguns, o parque industrial é um modelo do futuro da produção têxtil, com condições seguras de trabalho, instalações ultramodernas e também ambientalmente corretas.
No entanto, outros veem o local como um exemplo de como explorar mão de obra, com profissionalismo e em grande estilo. As costureiras etíopes trabalham oito horas por dia diante da máquina de costura e recebem cerca de 27 euros por mês, além do almoço diário e o ônibus shuttle para o trabalho. Para muitas costureiras, esse pagamento é insuficiente, desproporcional ao trabalho que fazem e não é justo. Algumas passam dificuldades financeiras para viver com mais economia, mesmo assim muitas vezes o dinheiro não é suficiente para o mês inteiro.
Enquanto as empresas lucram com os salários baixos, o governo se diz de mãos atadas na luta pelos investimentos. Há numerosos parques industriais em construção, exigindo ainda muitos novos investidores, e não é hora de espantá-los com exigências de salário mínimo. A Etiópia pode estar se tornando um paraíso para a mão de obra têxtil barata, mas ainda há muitos desafios a serem encarados.
Por outro lado, alguns especialistas argumentam que a Etiópia pode estar repetindo os erros cometidos por outros países em desenvolvimento na busca por crescimento econômico. A busca por mão de obra barata pode levar à exploração de trabalhadores e ao desrespeito aos direitos humanos.
Além disso, há preocupações com os impactos ambientais da produção têxtil em larga escala. A indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, e a rápida expansão da produção têxtil na Etiópia pode ter sérios impactos no meio ambiente local e global.
Apesar dessas preocupações, o governo etíope parece determinado a seguir adiante com sua estratégia de se tornar um polo têxtil global. Para isso, tem investido pesado na construção de infraestrutura e na atração de investimentos estrangeiros.
No entanto, cabe lembrar que o sucesso dessa estratégia depende não apenas da disponibilidade de mão de obra barata, mas também de outros fatores, como a qualidade da infraestrutura, a estabilidade política e econômica do país, e a capacidade de atrair investimentos de empresas estrangeiras.
Por fim, é importante que os consumidores estejam conscientes da origem dos produtos que compram e das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores envolvidos na produção. É preciso cobrar das empresas que adotem práticas éticas em suas cadeias de produção e respeitem os direitos dos trabalhadores.
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